11 de dez. de 2012

Tarde demais...

"Provação significa que a vida está me provando, mas significa também que estou provando, e provar, pode se transformar numa sede cada vez mais insaciável" Clarisse Lispector


Ela tinha um quê de insana...

Tinha uma vida difícil, mas acreditava nunca ter fugido de sua realidade...

As pessoas a classificavam como uma mulher forte, ela sabia que batia na vida por pura teimosia...

Não vivia...sobrevivia...Não planejava, apenas reagia...

Descobriu que tinha medo do desconhecido, e por diversas vezes, afastava de seu caminho, tudo aquilo (ou aqueles) sobre o qual ela não podia ter controle...

Acreditava que criara para si, muralhas de proteção que a impediriam de sofrer...

Mas acabou descobrindo que o que havia erguido em seu entorno, não passava de uma prisão, a qual a mantinha afastada de seus desejos mais secretos...

Apanhou tanto da vida que deixou de confiar cegamente, criou teorias da conspiração para explicar tudo aquilo que não entendia...

Ela deixou de viver, por vontade própria, escolheu isolar-se e anunciar sua descrença nos relacionamentos passionais..

Ela caminhou, aos tropeços e topadas, sem coragem de olhar na direção que mais importava.

Quando conheceu o amor, fugiu como um bichinho assustado, depois, se fez em pedaços esperando que alguém ajuntasse...

Ela não era capaz de entender (e se entendia, era incapaz de admitir) a necessidade que sentia de ser amada...

Passou a vida se escondendo de si mesma e, por diversas vezes, questionou diretamente a Deus para entender o motivo de tanta solidão,a explicação para tantas provações...

Ela não conseguia erguer os olhos e enxergar os presentes que Deus lhe ia deixando pelo caminho, pois, preferia sofrer por não tê-los a chorar por perdê-los...

Ela então, numa clara demonstração de sua insanidade, voltou-se para o seu intimo e conseguiu visualizar tudo aquilo que havia trancado por tanto tempo...

E foi neste momento que percebeu que ela não mais existia...Ela agora se resumia a um reflexo do amor que tanto quis negar...

Só que talvez tenha sido tarde demais...





20 de set. de 2012


E de chorar, já sou pranto;
de relembrar, esquecido
nas mãos palmas calejadas
cavando desejos proibidos;
E de pensar já sou louco
não há encontro para mim
não tenho nome em tua lista
não iniciei, sou sem fim;
Com tantos erros passados
ganhei má fama sozinho
com tantos passos errados
não encontrei meu caminho
Tentei abrir a mão e não vi nada
nem mesmo aquele beijo da mulher falada
nem aquele antigo abraço que ganhei;
eu lutei... perdi! Porque contigo errei;

E de pecados, sou negro,
de relutar, sou sem forças
de persistir, sou sem vista,
de agredir, comunista!
Não tenho eira, nem beira
não tenho amor para mim
não posso amar quem não aceita
lutar e ver fracassar


E vou seguindo sem luzes
ninguém verá minha partida
não quero deixar saudades
nem prantos na despedida;
E se me quiser na lembrança
guarde meu nome contigo,
meu nome, é nome, só nome,
é simples mais decisivo.
Na flor das noites de sangue
eu parto, sem chorar dor
eu parto, mas deixo contigo
o que fui aqui...
        ...deixo amor!

(Anderson Herzer)